terça-feira, 31 de maio de 2011

Somos bárbaros?

Segundo o dicionário Aurélio, bárbaro era uma designação usada pelos gregos e romanos para designar quem era estrangeiro. Hoje o termo é usado, pejorativamente, para se referir a uma pessoa rude, cruel.
Fazendo outro rebuscamento histórico, vamos encontrar na Babilônia o Código de Hamurabi, que possui uma máxima conhecida ate hoje como “Olho por olho, dente por dente”, que resume a justiça como dar o troco proporcional a gravidade do ato ilícito.
Introduzimos esses conceitos com o intuito de fazer uma reflexão sobre a concepção de Justiça hoje implantada no país. A demora das decisões do judiciário- que é ate objeto de pesquisas que apontam o não investimento no país por credores estrangeiros - e a decorrente descredibilidade  desse poder, faz com que a população assuma posturas totalmente “bárbaras”, fazendo “justiça com as próprias mãos” quando ver alguém praticando um crime.
Os linchamentos de ladrões viraram uma prática corriqueira na sociedade paraense, divulgado a tal ponto que chega próximo a uma exaltação por alguns veículos da impressa, tudo por uma boa matéria, criando assim uma verdadeira banalização, deixando a população com duas escolhas, ou entrega seus bens a um assaltante, ou, se tiver um grupo capaz de dominá-los, lincha-os ate a morte ou até que a policia chegue para “salvar” os infratores, como a própria população costuma exclamar.
Para alguns estudiosos do Direito, esse quadro se mantêm e se desenvolve devido à falta de conhecimento dos procedimentos da Justiça. O “cidadão” não conhece os seus direitos, e principalmente, não sabem como se desenrolam os processos judiciais. É verdade que a morosidade do Judiciário contribui para isso, mas a falta de interesse da população também contribui para a permanência desse quadro.
A precariedade na educação do povo é algo que só privilegia a elite política do país, “crimes do colarinho branco” são praticados a todo o momento pelos membros do legislativo e executivo, roubos que deixam rombos de milhões nos cofres públicos, dinheiro que deveria estar sendo investido em educação e saúde e que é usado para aumento de patrimônio e luxo dos nossos nobres governantes e dos seus aliados.
Assim, nos vemos em um outro dilema: se vamos linchar os nossos algozes, em qual deles devemos aplicar a justiça primeiro, nos que levam o nosso celular ou nos que roubam o nosso futuro?


Por Diego Fonseca